Durante meses o samurai esteve atrás de um criminoso, pois recebeu a missão de cumprir uma sentença de morte. O criminoso havia se escondido sem deixar pistas até então. Mas enfim, chegou aos ouvidos do samurai a notícia de que ele fora visto em um vilarejo conhecido.
Sem despertar qualquer suspeita, chegou disfarçado ao vilarejo. Conversando com um e outro, soube que o criminoso estava mesmo ali. Durante o dia ele não dava as caras, mas às noites era certo que gastava seu dinheiro na casa de prazeres local.
Naquela noite não foi diferente. Como de costume, o malfeitor apareceu, sentou-se em uma mesa e pediu uma bebida. E já se acomodava quando sua atenção foi capturada: um homem do outro lado do salão se pôs de pé afastando sua mesa e jogando no chão uma capa que o cobria. Era o samurai!
Surpreso, o criminoso sentiu um arrepio na espinha e um medo terrível transpareceu em seu rosto.
Calmamente, o samurai foi se aproximando com um olhar fixo. À distância de um passo, puxou a espada e preparou o golpe.
Mas o criminoso, ao perceber que não teria como escapar, sentiu seu medo transformado em raiva! E, com despeito, cuspiu no rosto do samurai.
O olhar do guerreiro foi tomado de fúria! Um fogo que esquentou o salão. O tempo parou. Todos à volta se seguraram em suas cadeiras, esperando a reação. Bufando, ele passou a mão no rosto molhado. Então guardou a espada, virou-se e partiu.
Acreditando que o samurai havia deixado o vilarejo, o criminoso sentiu-se livre da pena. No dia seguinte, saiu à rua, despejando pelos cantos sua malícia. E estava distraído, quando sentiu um toque em seu ombro. Ao se virar, mal teve tempo de entender qualquer coisa. Um golpe de espada, preciso e violento, já havia o cortado ao meio.
O samurai!!!
Olhando o corpo sem vida do criminoso, limpou o sangue da arma com a mão. Guardou-a em sua cintura e se dirigiu ao cavalo, que era guardado por um rapaz. Ao lhe oferecer as rédeas, o rapaz timidamente perguntou:
– Desculpe, senhor, eu não entendo. Eu estava ontem na casa dos prazeres. O senhor deixou o criminoso ir... para hoje voltar e matá-lo! Por que não o matou ontem mesmo, senhor?
A resposta do samurai foi serena:
– Porque ontem, eu estava com raiva…